terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

***Cenas repetidas***




Meus anjos voaram para outros céus
Devorando estrelas a cada estação
Trouxeram a chuva que lavou meus desejos
E eu dormi, sonhando sem direção

A mesma cama vazia
As mesmas melodias desgovernadas
Embalando as mesmas cenas
Como se minhas histórias ficassem inacabadas
E minhas horas não passassem
Como se minhas súplicas fossem muito pequenas

O mesmo pôr do sol solitário
Brinda meus olhos em sua imensidão
Eu, cega, procurei outros horizontes
Quando enxergava o mesmo cenário
Atrás das brumas do meu coração

A mesma brisa, o mesmo temporal
O mesmo cometa, o mesmo pedido
A mesma alma ferida com o mesmo punhal
Com que meu anjo da guarda foi ferido

Mas outra voz me chama ao amanhecer
Outras histórias nascem para serem contadas
Cenas se modificam, se espalham pela memória
Até que volte a anoitecer...

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Flores raras



Ainda há um céu azul
Sob as nuvens escuras, cheias de desilusão
Mas estes olhos cansados não conseguem ver
Estas mãos feridas não conseguem tocar
E eu morro aos poucos perdida em incompreensão

Talvez ainda haja um poço dos desejos
Perdido por entre as folhas secas de outono
Talvez ainda haja um sonho sem dono
Que resolva me fazer companhia
Em uma dessas noites de solidão

Quem sabe ainda nasçam flores raras
Nestes tristes jadins desconhecidos
Quem sabe elas encontrem um caminho
Quem sabe a água se transforme em vinho
E lhes traga novamente a vida tão esperada.

Um dia voltarão as palavras esquecidas
As promessas desfeitas, as verdades não ditas
Um dia, talvez, os segredos serão revelados
Um dia meus olhos serão contemplados
Com um outro dia qualquer...